Vidros que escorrem

O vidro só se comporta como líquido numa escala de tempo absurda

Chega ao fim mais um mito. A idéia de que os vitrais das igrejas medievais seriam mais espessos na base por terem escorrido ao longo dos últimos 500 ou 600 anos não tem fundamento. O engenheiro de materiais Edgar Zanotto, da Universidade Federal de São Carlos, pesquisou em livros a composição química dos vidros fabricados na Idade Média.

E, na ponta do lápis, verificou que à temperatura ambiente, o material precisaria para escorrer, de um tempo 1 trilhão de vezes maior que a idade do Universo. “O vidro tem uma estrutura atômica desorganizada como a dos líquidos”, explica Zanotto. “Mas, como é muito viscoso, só se comporta como líquido numa escala de tempo absurda.” De acordo com o engenheiro, qualquer diferença na espessura dos vitrais deve ter sido criada pela imprecisão dos moldes e pelos métodos de fabricação da época.